A tele-visão propõe-se a extrair diretamente as presenças sob representação, além da representação. O sistema de cores é um sistema de ação direta sobre o sistema nervoso. Ela se apodera do olho pelas cores e pelas linhas. Mas ela não trata o olho como um órgão fixo. Libertando da representação as linhas e as cores, ela liberta ao mesmo tempo o olho do seu pertencimento ao organismo, ela o liberta de seu caráter de órgão fixo e qualificado: o olho se torna virtualmente o órgão indeterminado polivalente que vê o corpo sem órgãos, ou seja, a Figura como pura presença. Subjetivamente, ela se apodera do nosso olho, que deixa de ser orgânico para se tornar órgão polivalente e transitório; objetivamente, ela põe diante de nós a realidade de um corpo, linhas e cores liberadas da representação orgânica: a pura presença do corpo será visível ao mesmo tempo que o olho será o órgão destinado a essa presença. Se instala onde o corpo escapa, mas escapando, descobre a materialidade que o compõe, a pura presença que é feito, e que não descobriria de outro modo. Ela se dirige a algo bem diferente da realidade material do corpo e dá às entidades mais espirituais um corpo desencarnado, desmaterializado.
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